Na postagem de 19 de novembro passado, eu já havia comentado sobre a preferência do vira-bosta (Molothrus bonariensis – 21 cm) em escolher os ninhos do tico-tico (Zonotrichia capensis – 15 cm) para pôr os seus ovos. O vira-bosta é uma espécie parasita que não cuida dos seus filhotes, deixando a criação destes por conta de outras aves, desde a incubação dos ovos até a educação e a alimentação. Às vezes até põem para fora do ninho os ovos do tico-tico, deixando apenas os seus. Os filhotes do vira-bosta emplumam com as cores acinzentadas das fêmeas e, logo após a primeira muda, os machos ganham uma belíssima cor negra, com reflexos azulados quando expostos à luz do sol. No dia em que fiz as fotos acima, fiquei com pena do casal de tico-ticos, pois os filhotes pareciam insaciáveis, seguindo-os por toda parte, sempre reclamando por mais comida. (Ana)
Um comentário:
Ana
Li sobre a mamãe tico-tico (ou tica-tica rsrs) que fica alimentando o filho enjeitado da vira-bosta (ou anú, como conhecemos aqui em Itapuã) e a reflexão foi inevitável... A Natureza nos oferece lições de vida tão lindas! Uma passarinha pequenina e seu parceiro cuidam dos seus próprios filhotes e do que não gerou (só chocou) sem distinção, com o mesmo zelo e atenção. Ao crescer o "filhotão" acompanha os pais que conhece e os manos que por acaso tenha, tão diferentes entre si e tão iguais perante a vida... lá vai a família feliz, chilreando (me puxei!) pela grama, caçando insetos e vivendo sua vidinha descomplicada. E a mãe anú continuará colocando seus ovos nos ninhos alheios, fazendo filhos para outras mães ou, mais provavelmente, para o mundo. Tudo acontecendo assim, sem remorsos, sem mágoas, sem sacrifício. Sem cobranças, sem trauma. Complicar pra que??
Muitas vezes, pensar atrapalha...
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